terça-feira, 14 de junho de 2011

Aquele lago negro

A noite estava extremamente fria. Diante de nós, um lago negro com pequenas ondas resultado das rajadas de vento que provocava uma sensação ainda mais intensa de frio. Havia um grande espaço gramado entre a pista de cooper e as margens, ao qual, naquele instante, parecia impenetrável. Ao longe, alguns patos brancos se escondiam do frio, imóveis como enfeites de jardim. Confesso que eu não vi, mas você os mostrou com tanto carinho que minha imaginação se encarregou de vê-los. “Ali por vezes me sento, fico olhando o lago, após a caminhada, jogando comida para os patos”, disse ela em voz suave e apaixonada. Imaginei-me ali, naquele momento, sentado com ela, quebrando todas as minhas regras, rolando na grama úmida pelo sereno, desenrolando as amarras que minha história de vida deixou me prender. As margens continuaram impenetráveis, o lago ainda mais negro, o frio mais intenso, afastei-me pensativo, tentei acompanhar seu pensamento, mas o instante não permaneceu como um instantâneo fotográfico, mas sim, como um negativo, daqueles que se guarda no fundo de uma gaveta, uma memória existente, porém, esquecida. Queria mudar tudo ali. 

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