A linha que separa o nascer do sol do seu morrer é simples posição geográfica. Não tão tênue como a que pode definir a morte pelas palavras, a fina linha que aprisiona e oculta a razão de nossas mentes. A moeda que tem dois lados, mas que se paga sempre com o mesmo. Quanto mais alta é minha prece, menos santificada parece ser. Gritar não adianta quando não se pode ouvir. Sofro de cegueira crônica, uma verdade que nos impede de observar com exatidão o que se fala ou o que se faz. Sofro de uma surdez de dar dó, pois não consigo escutar meus próprios clamores, se deus não os escuta, quem dirá, eu mesmo?
Atravessei o dia como o arco que o sol fez sobre nossas cabeças. Blasfêmia natural, pois o sol do lugar não saiu. Da mesma forma, o relógio anda com seus ponteiros, mas também não se move. Ilusão, apenas isso. Acompanhei seu arco da rede que balançava sobre seu próprio ponto estático. As palavras se revestem de significados que outrora delegamos e que esquecemos de esvaziá-las. Quão vã é a vingança, mesmo que revigorante pareça! Na verdade, cobramos caro do que idealizamos e não encontramos quem pague a conta. E não podemos obrigar o outro a entender o que exatamente somos. Como explicar o nada ou o caos?
Will I still care for you? Will you still care for me? Como se bastassem palavras para expressar o que não podemos sentir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário