terça-feira, 21 de junho de 2011

Quatro cavaleiros em seus cavalos imponentes

Enquanto o sol arqueava sobre mim, eu vi em sua curvatura, relâmpagos incandescentes que formavam imagens obscuras e praticamente irreconhecíveis. Quatro cavaleiros em seus cavalos imponentes desfilavam diante da perplexidade do meu mundo. Finalmente o Juízo Final se achegou. Definitivamente aliviará nossas dores.

Eu vi o primeiro em um cavalo branco. Trouxe lembranças do passado, cuja arma era a escrita, as reminiscências, o que outrora era felicidade e que tornou-se tormenta e desespero. Sua fala travava batalhas contra meus maiores inimigos, sem se aperceber que eu mesmo era um deles.

O segundo em um cavalo negro. Trouxe a fome em meu espírito, cuja arma era um conjunto de imagens desfocadas, estagnadas, envelhecidas e distorcidas por véus e relíquias beatificadas. Em uma de suas mãos encontrava-se uma balança usada para julgar-nos e definir nosso destino. Eis que encontro-me em seu inferno.

O terceiro em um cavalo baio. Trouxe em uma das mãos uma grande foice. A privação dos meus sentidos, dos meus desejos, dos meus prazeres, da minha vida. Veio ceifar o que há muito foi devastado e ainda não consegui replantar. Feudo repatriado, restituído ao seu dono original. Servo da opressão instituída como vida a se seguir.

O último estava em um cavalo vermelho. Tinha em uma das mãos uma espada ensanguentada. O sangue pingava em minha face. Trouxe a liberdade de matar os outros cavaleiros. A guerra, a luta pela destituição dos impérios estabelecidos anteriormente. Porém, temo não ser sua espada, suficiente para tamanha batalha.

O ultimo brilho do sol esticou-se por detrás das derradeiras folhagens que escondiam o horizonte. Por um breve momento, estive diante do meu Juízo Final. Afinal, o que não é a vida senão aguardar o seu termo, ou no máximo, esperar pelo amanhã?

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